O Palmeiras perdeu uma oportunidade histórica de assumir a liderança do Campeonato Brasileiro Série A 2025 ao empatar em 0 a 0 com o Vitória na noite de quarta-feira, 19 de novembro de 2025, no Allianz Parque, em São Paulo. O jogo, válido pela 34ª rodada, terminou sem gols — e sem emoção — deixando a torcida perplexa e o técnico Abel Ferreira sob intenso escrutínio. Com o resultado, o Verdão permaneceu em segundo lugar com 68 pontos, três atrás do Flamengo, que segue na liderança com 71 pontos. Já o Vitória, com 35 pontos, segurou a 15ª posição, apenas um ponto à frente do Santos, que escapou da zona de rebaixamento graças a uma vitória surpreendente contra o próprio Palmeiras na rodada anterior.
Um primeiro tempo que não existiu
O primeiro tempo foi, na verdade, um desfile de erros, passes perdidos e falta de inspiração. Os torcedores que lotaram o Allianz Parque esperavam um show, mas receberam um espetáculo de frustração. O Palmeiras dominou a posse de bola — mais de 65% — mas não criou chances reais de gol. As jogadas mais perigosas vieram por Andreas Pereira e Murilo, mas a finalização sempre falhou. A única chance clara foi aos 21 minutos, quando Gabriel Baralhas cometeu falta na área. O árbitro marcou pênalti, mas Maurício, o cobrador, bateu fraco, e o goleiro Thiago Couto defendeu com facilidade. Foi o momento em que o estádio calou. Não houve protestos. Apenas silêncio. Como se todos soubessem: aquilo não era apenas um empate. Era uma falha.Neymar como capitão, mas sem liderança no campo
Neymar Júnior, aos 33 anos, vestiu a faixa de capitão pela primeira vez em 2025 — e não foi por acaso. Com Lucas Veríssimo suspenso e Bruno Guimarães lesionado, o time precisava de experiência. Mas a experiência não se traduziu em decisão. O jogador, que atuou como ponta esquerda, foi marcado com intensidade e raramente teve espaço. Seus movimentos foram previsíveis, seus passes, ineficazes. Durante a transmissão da Jovem Pan Esportes, o narrador Nilson César observou: "Neymar está tentando, mas não está convencendo. O time parece perdido sem o ritmo de quem sabe criar caos." E ele tinha razão. O Palmeiras não teve um jogador capaz de mudar o jogo. Nenhum.A torcida aponta o culpado — e não é o goleiro
Após o apito final, a torcida não saiu aplaudindo. Saíram com o celular na mão, postando nas redes: "Abel não pode mais." O técnico português, que chegou ao clube em 2020 e levou o Palmeiras a dois títulos da Libertadores, agora enfrenta a maior crise de confiança de sua passagem pelo Brasil. A Lance publicou em 20 de novembro uma matéria intitulada "Torcida do Palmeiras aponta culpado por tropeço com o Vitória: 'Não pode'", e o jornal português A Bola confirmou: "Abel volta a tropeçar na corrida à liderança, mas nem tudo foi mau." O problema não é só o empate. É o padrão. Desde a derrota para o Corinthians em outubro, o Palmeiras não venceu um jogo importante. Três empates em quatro jogos decisivos. Isso não é azar. É sistema.O que o Vitória fez — e o que o Palmeiras não fez
O Vitória, com apenas 35 pontos, não jogou bem. Mas jogou com organização. Defendeu baixo, não cedeu espaços, e quando o Palmeiras avançava, os zagueiros fechavam como um muro. O goleiro Thiago Couto fez duas defesas decisivas — e foi o herói do dia. Enquanto isso, o Palmeiras insistia em jogar pela esquerda, mesmo com Jefté sendo marcado por dois homens. Não houve adaptação. Não houve mudança tática. Abel Ferreira não fez nenhuma substituição que alterasse o jogo. Ramón Sosa entrou aos 30 do segundo tempo — e foi o único que teve um toque de classe. Mas chegou tarde. Muito tarde.
As consequências: o Flamengo respira, o Santos escapa
O empate do Palmeiras foi um presente de Natal antecipado para o Flamengo. Com 71 pontos, o time carioca tem margem para respirar. Já o Santos, com 36 pontos, vive um milagre. Saiu da zona de rebaixamento após vencer o Palmeiras na rodada passada — e agora está apenas um ponto à frente do Vitória. O clube que viveu o pior momento de sua história recente, em 2023, está de volta à luta por uma vaga na Sul-Americana. Enquanto isso, o Sport, com apenas 17 pontos, está a nove da salvação. O rebaixamento não é mais uma ameaça: é uma realidade em construção.O que vem a seguir? O calendário não perdoa
O Palmeiras enfrenta o Atlético-MG no próximo domingo, em Belo Horizonte — um jogo que pode definir o rumo da temporada. Se perder, a diferença para o Flamengo chegará a seis pontos, e a chance de conquistar o título se tornará quase impossível. Já o Vitória recebe o Juventude, em Salvador, e precisa de vitórias para manter a esperança de fugir do rebaixamento. Mas o que mais importa agora é o Palmeiras. O time que foi campeão em 2022 e 2023, que venceu a Libertadores em 2020 e 2021, está prestes a perder o que mais tem: sua identidade. Não por falta de jogadores. Mas por falta de coragem.Frequently Asked Questions
Por que o Palmeiras não conseguiu marcar contra o Vitória?
O Palmeiras dominou a posse, mas falhou na finalização. A linha de passe entre meio-campo e ataque estava desconectada, e os atacantes não tiveram espaço. O Vitória usou uma defesa em bloco baixo, com sete jogadores atrás da bola, e o Palmeiras não teve ninguém capaz de quebrar esse bloqueio. Neymar foi marcado com intensidade, e os laterais não ofereceram profundidade. O pênalti desperdiçado por Maurício foi o símbolo da falta de eficiência.
O que significa o empate para a disputa da liderança?
O empate manteve o Palmeiras a três pontos do Flamengo, com apenas quatro rodadas restantes. Para assumir a liderança, o Verdão precisaria vencer todas as partidas restantes e torcer por derrotas do Flamengo. Mas com o ritmo atual — três empates nos últimos quatro jogos decisivos — essa possibilidade é quase nula. A diferença no saldo de gols (Palmeiras: +29, Flamengo: +48) também trava qualquer chance de vantagem por critério técnico.
Por que a torcida está cobrando Abel Ferreira?
Abel Ferreira foi responsável por dois títulos da Libertadores e por um estilo de jogo agressivo e eficaz. Mas desde o início de 2025, seu time perdeu a identidade: passou a ser previsível, sem criatividade e com baixa eficiência em momentos decisivos. O empate com o Vitória foi o quarto resultado sem vitória em jogos contra times da metade inferior da tabela. A torcida não quer apenas vitórias — quer um time que lute, que assuste. E isso não está acontecendo.
O Santos realmente escapou da zona de rebaixamento por causa do empate do Palmeiras?
Sim. O Santos estava em 17º lugar, com 35 pontos, antes da rodada. Venceu o Palmeiras por 2 a 1 na rodada anterior, subindo para 36 pontos. Com o empate do Vitória, o Santos passou a liderar o grupo dos que fugiram do rebaixamento, apenas um ponto à frente do Vitória. Sem essa vitória, o Santos estaria na zona de rebaixamento. É um milagre, mas real — e o Palmeiras, sem querer, ajudou a construí-lo.
O que o Palmeiras precisa fazer nas próximas rodadas para ainda sonhar com o título?
Precisa vencer todas as quatro partidas restantes — contra Atlético-MG, Cuiabá, Corinthians e Fortaleza — e torcer por duas derrotas do Flamengo. Além disso, precisa melhorar drasticamente sua eficiência ofensiva: nos últimos cinco jogos, marcou apenas três gols. O time precisa de um centroavante decisivo, um meia criativo e, acima de tudo, coragem tática. Abel Ferreira precisa mudar o esquema, ou o time perderá não só o título, mas sua credibilidade.
Há risco de Abel Ferreira ser demitido após essa temporada?
O risco é real. O Palmeiras tem um histórico de exigência extrema com seus treinadores. Mesmo com títulos, a pressão por resultados imediatos é alta. Se o time não conquistar pelo menos uma competição em 2025 — e o Brasileirão parece fora de alcance —, a diretoria pode optar por uma renovação. O nome de Rogerio Ceni já circula como possível sucessor. Mas a decisão dependerá do desempenho contra o Atlético-MG e da reação da torcida.