
Saída repentina do CFO
Ambipar (AMBP3) confirmou que João Daniel Piran de Arruda abandonou a posição de diretor financeiro depois de pouco mais de um ano no cargo. A empresa não detalhou o motivo da saída, mas já indicou quem assume a vaga: Ricardo Rosanova Garcia, atualmente chefe de relações com investidores (DRI), acumulará as duas funções.
Arruda chegou à Ambipar em 2024 trazendo mais de 20 anos de experiência nos setores de resíduos, energia, saneamento e infraestrutura. Antes disso, trabalhou quase 15 anos no Bank of America, onde desenvolveu laços com a empresa de gestão de resíduos. Seu ingresso foi visto como um reforço à governança e à comunicação com acionistas, justamente quando a companhia enfrentava críticas pela falta de transparência.
O momento da saída, porém, é delicado. A Ambipar está no meio de um processo de reestruturação da sua alta administração e responde a um procedimento de sanção administrativa na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A coincidência dos eventos levanta dúvidas no mercado sobre possíveis pressões internas ou externas que influenciaram a decisão do executivo.

Impactos no mercado e próximos passos
Assim que a notícia foi divulgada, as ações ordinárias da Ambipar despencaram entre 13% e 14%, mostrando a reação negativa dos investidores. A queda rápida evidencia o quanto a confiança estava atrelada ao nome de Arruda e à promessa de maior clareza nas informações financeiras.
Em comunicado, a companhia reafirmou o compromisso de fortalecer a área financeira, a governança e o relacionamento com investidores. O texto destacou que a prioridade será garantir transparência, reconquistar a confiança do mercado e gerar valor para os acionistas.
Com Garcia assumindo o CFO, a Ambipar ganha um executivo que já conhece a estratégia de comunicação da empresa. Ainda assim, acumular duas funções pode sobrecarregar o profissional e exigir uma reestruturação interna para suportar a demanda.
Analistas apontam que a empresa precisará apresentar resultados claros nos próximos trimestres para estabilizar as ações. Relatórios de desempenho, auditorias independentes e um plano de comunicação mais agressivo são esperados para reduzir a volatilidade.
Enquanto isso, a investigação da CVM segue aberta. Caso a Comissão identifique falhas na divulgação de informações ou outros problemas de compliance, a Ambipar pode enfrentar multas ou restrições que impactariam ainda mais seu valor de mercado.
Para os acionistas, o panorama ainda é incerto. A substituição de um CFO em início de mandato costuma gerar dúvidas sobre a continuidade das estratégias financeiras. O próximo passo da empresa será demonstrar, com números e transparência, que a mudança de liderança não afeta a execução do plano de crescimento nos setores de resíduos e energia.