
Confrontos, datas e cenários
Setembro promete noites pesadas na Libertadores 2025. As quartas de final estão marcadas para as semanas de 17 e 24 de setembro e reúnem três brasileiros — Palmeiras, Flamengo e São Paulo — contra rivais tradicionais do continente. Do outro lado, quatro argentinos (River Plate, Racing, Vélez Sarsfield e Estudiantes) e a LDU, do Equador, completam a lista. É a fase em que a margem para erro some e cada detalhe vira fator de desempate.
Veja os duelos confirmados pela Conmebol, com estádios e horários divulgados para três das quatro chaves:
- River Plate x Palmeiras – ida em 17/9, 21h30, Estádio Monumental (Buenos Aires); volta em 24/9, 21h30, Allianz Parque (São Paulo).
- LDU x São Paulo – ida em 18/9, 19h, Estádio Rodrigo Paz Delgado (Quito); volta em 25/9, 19h, MorumBis (São Paulo).
- Flamengo x Estudiantes – ida em 18/9, 21h30, Maracanã (Rio de Janeiro); volta em 25/9, 21h30, Estádio UNO Jorge Luis Hirschi (La Plata).
- Vélez Sarsfield x Racing Club – duelo argentino com jogos nas mesmas semanas (17 e 24/9); detalhes finais de horários e mando de volta seguem o critério da melhor campanha.
O emparelhamento serve histórias conhecidas e armadilhas novas. São Paulo e LDU voltam a se cruzar em mata-mata recente — reencontro que carrega a lembrança das noites duras na altitude de Quito (mais de 2.800 m). O estádio Rodrigo Paz Delgado, a Casa Blanca, costuma multiplicar o desgaste físico e exigir gestão fina de ritmo, hidratação e rotação de elenco. A volta no MorumBis equilibra a balança com arquibancadas cheias e gramado que favorece quem dita o jogo por baixo.
Palmeiras x River Plate é o confronto que cheira a semifinal antecipada. É clássico moderno de Libertadores, com capítulos marcantes: o Verdão eliminou os argentinos em 1999 (rumo ao título) e em 2020 (grande atuação em Buenos Aires e drama na volta em São Paulo). Há um ingrediente extra: o histórico recente do Palmeiras sem eliminações para argentinos em mata-matas, estatística que os rivais querem quebrar. O Monumental, reformado e barulhento, testa nervos e saída de bola; o Allianz Parque costuma devolver com intensidade, pressão e gramado rápido.
No Rio, o Flamengo abre a série contra o Estudiantes no Maracanã. É choque de escolas: elenco rubro-negro acostumado a decisões recentes e um Estudiantes competitivo por natureza, dono de quatro taças continentais e rival que raramente se desorganiza em noite grande. O jogo de volta em La Plata tende a ser duro, com estádio colado no campo e ambiente inflamado — perfeito para duelo decidido em bola parada, concentração e leitura de jogo.
O chaveamento argentino entre Vélez e Racing é um capítulo à parte. O Vélez chega com moral depois de passar pelo Fortaleza por 2 a 0 e resgata memórias do título de 1994. O Racing, campeão de 1967, ganhou tração ao eliminar o Peñarol. É confronto de cidades próximas, logística mais simples e clima de clássico porteño, em que segundas bolas, intensidade e detalhes táticos costumam pesar mais que o brilho individual.
Pelo regulamento, não há gol qualificado fora de casa. Empates no agregado levam a decisão direto para os pênaltis nas quartas e semifinais. A ordem dos mandos segue a melhor campanha geral: quem pontuou mais nas fases anteriores fecha a série diante da sua torcida, vantagem que vale ouro quando o jogo pede frieza.
As semifinais estão programadas para as semanas de 22 e 29 de outubro. A final única acontece em 29 de novembro, no Estádio Monumental de Lima, no Peru — palco de decisões recentes e com estrutura para receber a maratona logística de torcidas e imprensa. Até lá, o calendário aperta com viagens longas, possíveis variações climáticas (do frio de Buenos Aires ao ar rarefeito de Quito) e pouco tempo para ajustes entre uma perna e outra.

Contexto esportivo e financeiro
A presença de três brasileiros e quatro argentinos reforça uma tendência da última década: os dois países dominam a competição, empurrados por investimento, base forte e estádios cheios. Títulos no bolso não faltam. Flamengo (1981, 2019 e 2022), Palmeiras (1999, 2020 e 2021) e São Paulo (1992, 1993 e 2005) somam experiência e casca em mata-mata. Do lado argentino, o River coleciona conquistas recentes (2015 e 2018), o Estudiantes é sinônimo de mentalidade copeira (1968, 1969, 1970 e 2009), o Racing tem história de pioneiro (1967) e o Vélez guarda a glória de 1994. A LDU quebra a hegemonia sul com a lembrança viva de 2008 — o maior título equatoriano no torneio.
Grandes arenas entram em cena e fazem diferença. O Monumental, em Buenos Aires, é caldeirão moderno. O Allianz Parque e o MorumBis sustentam altos índices de ocupação e pressão contínua. O Maracanã entrega a mística que muda a temperatura do jogo. Em Quito, além do apoio local, a altitude cobra pedágio de quem não controla as transições. Em La Plata, o UNO Jorge Luis Hirschi tem gramado de qualidade e um ambiente que encurta o campo para o visitante. Em Liniers e Avellaneda, Amalfitani e Cilindro oferecem o pacote completo do futebol argentino: arquibancadas perto, cantos incessantes e pouca margem para vacilo.
O lado financeiro ajuda a explicar a obsessão por avançar uma fase. Nas quartas, cada clube embolsa US$ 1,7 milhão. Chegar à semifinal rende US$ 2,3 milhões. O vice-campeão leva US$ 7 milhões, e o campeão fatura US$ 24 milhões. Antes disso, quem esteve na fase de grupos recebeu US$ 3 milhões pela participação, além de US$ 330 mil por vitória na etapa — um incentivo que faz cada ponto virar orçamento para contratar, segurar atletas ou melhorar estrutura. Passar das oitavas rendeu mais US$ 1,25 milhão. Em somatória, uma campanha longa pode mudar a fotografia financeira de uma temporada inteira.
Com prêmios altos e jogos de alto risco, gestão de elenco vira peça-chave. Quem souber dosar minutos, proteger jogadores em risco de suspensão e treinar bolas paradas tende a levar vantagem. O uso do VAR segue padrão continental e reduz o espaço para erro grosseiro, mas amplia o peso das decisões milimétricas: linha de impedimento, faltas em disputa aérea e checagens de mão na bola que podem redefinir uma série.
À medida que a bola rolar, alguns temas entram no radar: como o São Paulo vai administrar a altitude de Quito e o ritmo no MorumBis; que plano o Palmeiras arma para sair vivo do Monumental sem abrir mão do próprio jogo; que tipo de controle o Flamengo conseguirá impor contra um Estudiantes historicamente competitivo; e até onde Vélez e Racing conseguem levar um duelo que, por tradição, se resolve em margens curtíssimas.
A Libertadores cobra caro de quem tropeça em detalhes, e essas quartas de final têm todos os elementos para virar coleção de jogos memoráveis: pressão, narrativa histórica, estádios cheios, viagens duras e prêmio milionário à vista. Setembro está marcado. Agora, é jogar.