
Frente fria avança e transforma o clima no Sudeste
Nos últimos dias de setembro, o Brasil viveu uma mudança climática tão abrupta quanto rara. Enquanto o Vale do Paraíba registrava máximas de 35 °C no domingo, um corredor de ar polar chegou no domingo à noite, trazendo chuva pesada, ventos de até 80 km/h e uma queda de temperatura que pegou a maioria das pessoas de surpresa.
Na segunda‑feira, 22 de setembro, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, o Centro‑Oeste e até o sul de Rondônia sentiram o efeito imediato da frente fria. Nas capitais sudestinas, a temperatura ficou abaixo de 20 °C ainda pela manhã, enquanto nas áreas de serra do sul do país as temperaturas despencaram para menos de 10 °C, criando condições propícias para a formação de geada nas plantações de café e nas plantações de milho em alta altitude.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) acionou três tipos de alerta para todas as prefeituras afetadas: risco de ventanias, tempestades severas e queda brusca de temperatura. Em São Paulo, a Defesa Civil montou um gabinete de crise e divulgou avisos de possíveis granizos e relâmpagos intensos, pedindo que motoristas reduzissem a velocidade e que moradores evitassem áreas abertas durante as rajadas.
Além do Sudeste, o Centro‑Oeste também enfrentou fortes chuvas, com cidades como Goiânia e Campo Grande registrando precipitações que elevaram o nível dos rios. No norte, o avançado da frente chegou até o sul de Rondônia, provocando relatos de ventos fortes e trovoadas incomuns para a região equatorial.

Impactos, respostas das autoridades e previsões para a primavera
A sequência de ondas de frio ao longo do inverno de 2025 já havia sido considerada acima da média dos últimos três anos. Segundo Alexandre Nascimento, da Nottus Meteorologia, a temporada ficou mais parecida com a média histórica, diferente de 2024, que registrou temperaturas 3 a 5 °C acima do normal devido a um forte El Niño. A ausência de fenómenos El Niño e La Niña permitiu que o frio se mantivesse mais estável, gerando duas ondas de frio em junho e outras duas entre julho e agosto.
Com a chegada da frente fria em setembro, as temperaturas sofreram uma inversão drástica. Regiões que tiveram um fim de semana quente viram o termômetro cair de 35 °C para valores abaixo de 25 °C já na terça‑feira, 23 de setembro. No sul do país, cidades como Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis esperavam noites próximas ou abaixo de 10 °C, enquanto áreas de serra anotavam risco de formação de gelo nas plantações.
As prefeituras de diversas capitais abriram centros de acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade, pois a queda repentina de temperatura pode agravar problemas de saúde em idosos e crianças. No Rio de Janeiro, a Defesa Civil distribuiu mantas térmicas e orientou a população a evitar deslocamentos desnecessários durante as tempestades.
Quanto ao futuro próximo, o Climatempo projetou que a primavera de 2025 trará volumes de chuva ligeiramente acima da média para a maior parte do território nacional. Isso deve manter o clima instável, com possibilidade de novas frentes frias e pancadas de chuva ao longo dos meses que antecedem o verão, previsto para começar em 21 de dezembro.
Até o fim de setembro, a frente fria continuou a percorrer o Sudeste e o Centro‑Oeste, gerando instabilidade ainda em 24 de setembro. Em partes do sul da Bahia, a presença de ar frio criou condições de céu encoberto e chuvas intermitentes, reforçando a ideia de que o país ainda está longe de alcançar a estabilidade típica da primavera.
Em resumo, o encerramento do inverno 2025 ficou marcado por uma das mais intensas frentes frias dos últimos anos, demonstrando como o clima brasileiro pode mudar rapidamente e exigir respostas ágeis das autoridades e da população.