FIFA: Lanús aciona o Inter por atraso no caso Aguirre; veja valores e risco de punição

FIFA: Lanús aciona o Inter por atraso no caso Aguirre; veja valores e risco de punição

O Lanús levou o Internacional à FIFA por um atraso de US$ 100 mil no acordo da compra do lateral-direito Braian Aguirre. A cobrança, protocolada há cerca de três meses, mira a terceira parcela prevista para setembro de 2024. Se não houver acerto, o Inter corre o risco de sofrer um banimento para registrar novos jogadores nas próximas janelas.

Dirigentes do clube argentino confirmaram a existência do processo e detalharam o cronograma original: três parcelas de US$ 100 mil em dias consecutivos, 2, 3 e 4 de setembro do ano passado. Segundo o Lanús, os pagamentos dos dias 2 e 3 foram liquidados, e a parcela de 4 de setembro ficou pendente. À época, as partes fixaram o dólar em R$ 5,65, o que coloca a cota em aberto na casa de R$ 565 mil. Hoje, com o dólar aproximado de R$ 5,32, o mesmo montante equivaleria a cerca de R$ 532 mil.

O negócio por Aguirre foi anunciado em 2 de setembro, com o Inter se comprometendo a pagar US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7,91 milhões na cotação de então) por 50% dos direitos econômicos. O contrato inclui a possibilidade de compra de mais 25% caso metas esportivas sejam atingidas. Em paralelo, houve conversas para ajustar salário e estender o vínculo do jogador até o fim de 2028 — hoje ele vai até 2027 —, mas essa negociação não avançou.

O que está em jogo

Em disputas entre clubes por parcelas em atraso, a prática no futebol internacional é clara: se a dívida é reconhecida e não é paga no prazo determinado pela entidade, a sanção mais comum é a proibição de registrar atletas nas janelas seguintes. Isso trava a reposição do elenco e mexe com todo o planejamento esportivo.

  • Valor em atraso: US$ 100 mil (cerca de R$ 565 mil na taxa fixada de R$ 5,65).
  • Vencimento indicado: 4 de setembro de 2024.
  • Origem: transferência de Braian Aguirre, com acordo total de US$ 1,4 milhão por 50% dos direitos.
  • Ação: protocolada pelo Lanús há cerca de três meses.
  • Risco: banimento para registrar jogadores até a quitação, além de possível cobrança de juros — normalmente 5% ao ano a partir do vencimento — e eventuais multas administrativas.

Um ponto que chama atenção é a cláusula cambial. O contrato travou o dólar em R$ 5,65. Na prática, isso reduz a incerteza para os dois lados, porque evita briga por variações futuras. Ao mesmo tempo, essa trava cria um “custo psicológico” para quem paga quando a moeda americana cai, como agora. Sem hedge financeiro, o caixa do clube fica exposto à volatilidade, e a conta aperta quando outras obrigações batem na porta ao mesmo tempo.

Para o vestiário e para o torcedor, o impacto é direto: uma punição impediria o Inter de registrar reforços nos períodos de mercado. Renovar contratos e inscrever atletas já pertencentes ao clube costuma ser permitido, mas novas chegadas ficam bloqueadas até a regularização. Isso encarece negociações, porque vendedores passam a exigir garantias extras ao lidar com um clube sob risco de sanção.

Como a FIFA decide e próximos passos

Como a FIFA decide e próximos passos

O roteiro desses casos é conhecido. Após a queixa do clube credor, a entidade notifica o devedor e abre prazo para defesa e apresentação de comprovantes. Vêm, então, a análise dos documentos e a decisão. Se a determinação for de pagamento e o clube não cumprir dentro do prazo, entra em cena a penalidade esportiva: banimento de registro de jogadores por janelas consecutivas até a quitação integral da dívida e dos encargos definidos.

Existe a via do recurso ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS). O clube pode recorrer e pedir efeito suspensivo. Nem sempre esse pedido é aceito. Quando é, a sanção fica congelada até o julgamento. Quando não é, o clube precisa pagar para voltar a registrar atletas. Em muitos casos, as partes chegam a um acordo de parcelamento com garantias — como cartas de crédito ou vencimentos amarrados a recebíveis — para encerrar o litígio antes da punição pegar.

O Inter tem opções na mesa: quitar o valor integral, negociar um aditamento com o Lanús ou apresentar uma comprovação de pagamento se houver divergência sobre o crédito. Um acerto rápido costuma reduzir juros, evitar multas e, principalmente, afastar o risco esportivo. Para o Lanús, receber agora também é interessante: encurta o processo, elimina custos e incertezas e libera o clube para fechar seu próprio orçamento.

Sobre Aguirre, nada muda no dia a dia imediato. Ele segue vinculado ao Inter pelo acordo já vigente. A eventual compra de mais 25% dos direitos depende de metas esportivas previstas em contrato e não está, por ora, diretamente conectada à parcela discutida na FIFA. O debate aqui é puramente financeiro: o pagamento de uma cota que venceu em setembro passado.

O caso expõe mais uma vez o efeito dominó das transferências internacionais nos orçamentos. A janela fecha, o atleta estreia, a torcida esquece o bastidor — mas os boletos ficam. Quando a moeda sobe ou a receita atrasa, o atraso de uma parcela vira disputa, a disputa vira processo, e o processo pode virar punição. Para o Inter, a conta é simples: resolver logo custa menos do que deixar a bola rolar até a sanção.

8 Comentários

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    manu Oliveira

    setembro 22, 2025 AT 17:22

    Essa história do dólar travado em R$ 5,65 é uma pegadinha clássica de contrato internacional
    Hoje o cara tá pagando 33 mil a mais só por causa de uma cotação que não existe mais
    Clube que não tem assessoria financeira tá frito antes mesmo de entrar em campo

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    Karine Soares

    setembro 24, 2025 AT 15:52

    o inter é um clube que vive de promessa e atraso
    ja foi multado por isso 3 vezes nos ultimos 5 anos
    mas a torcida ainda acha que é só um "problema administrativo"
    na verdade é uma cultura de irresponsabilidade
    quem acha que isso é normal tá dormindo

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    Rodrigo Cazaroti

    setembro 24, 2025 AT 18:34

    se o inter não pagar essa grana vai virar meme mundial 🤡
    ainda bem que o futebol brasileiro tá no fundo do poço
    assim ninguém nota quando o time tá se afundando
    se fosse na europa já tava no jornal da BBC
    mas aqui? só os que ligam pra contas percebem
    o resto tá no tiktok com o aguirre marcando gol

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    geovana angie aguirre prado

    setembro 25, 2025 AT 12:50

    eu não consigo acreditar que isso tá acontecendo de novo
    outro clube brasileiro se enrolando com dívida internacional
    é como se o futebol aqui fosse um reality show de falência
    o pior é que o aguirre tá jogando bem
    e a torcida nem sabe que ele tá sendo usado como moeda de troca
    isso é traição emocional
    o clube vendeu a alma dele pra pagar as contas de 2022
    e agora tá jogando a carreira dele no lixo por causa de 100 mil dólares
    isso não é futebol
    é psicologia de favela com uniforme

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    Jackelyne Alves Noleto

    setembro 25, 2025 AT 15:09

    eu sei que parece só um monte de dinheiro e contrato
    mas por trás disso tem um garoto de 21 anos que tá tentando fazer carreira
    se o inter for punido ele não pode ser reforçado
    isso pode acabar com o sonho dele
    eu não quero que ninguém fique com raiva
    mas a gente tem que pensar no ser humano por trás do nome no contrato
    talvez o inter consiga resolver isso sem punição
    se tiver boa vontade

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    Marcus Adogriba

    setembro 25, 2025 AT 19:50

    essa história é só mais um exemplo de que o futebol brasileiro é um lixo organizado
    clube que não sabe gerir dinheiro não merece estar na elite
    enquanto isso na europa eles têm fundos de hedge e advogados especializados
    no brasil? acha que o presidente do clube sabe o que é câmbio?
    o pior é que o povo ainda torce por isso
    isso não é paixão
    é masoquismo com camisa

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    Bruno Philippe

    setembro 26, 2025 AT 11:16

    tem algo triste nisso tudo
    o aguirre é um jogador que veio pra cá com esperança
    ele não escolheu o clube por dinheiro
    escolheu por achar que poderia crescer
    agora o negócio dele virou um problema de contabilidade
    e a torcida nem sabe que ele tá lá
    o clube não tá falando com ele sobre isso
    ele só tá treinando e jogando como se nada tivesse acontecido
    isso me faz pensar
    quantos outros jogadores vivem assim
    sem saber que o futuro deles tá pendurado em uma parcela de 100 mil
    será que alguém se importa com o que ele sente?
    ou só importa quando ele marca gol?
    o futebol tá tão distante da humanidade que esquece que por trás de cada nome tem alguém que acorda cedo, treina, sofre, sonha
    e agora tá preso numa burocracia que nem entende

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    Bruna Neres

    setembro 27, 2025 AT 21:06

    o inter vai pagar sim, mas só depois que o campeonato terminar e o torcedor esquecer
    essa é a regra não escrita do futebol brasileiro
    esquece o passado, esquece o contrato, esquece o jogador
    o importante é o próximo jogo

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