Ex-juiz da Lava Jato é flagrado em suposto furto de champanhe em supermercado

Ex-juiz da Lava Jato é flagrado em suposto furto de champanhe em supermercado

O ex-juiz federal Eduardo Appio, que sucedeu Sérgio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba e atuou na Operação Lava Jato, foi filmado supostamente tentando furtar uma garrafa de champanhe Chandon no valor de R$400 em um supermercado de Blumenau, Santa Catarina. O episódio, divulgado pelo Jornal da Band em 15 de dezembro de 2025, gerou uma onda de choque em círculos jurídicos e na opinião pública — não por causa do valor, mas por quem está envolvido. Appio, que já presidiu processos contra empresários e políticos de alto nível, agora é acusado de um ato que parece absurdo para quem já teve o poder de condenar. Ele nega tudo. Diz que o vídeo é fraudulento. E que é vítima de perseguição.

Um ex-herói da Lava Jato, agora sob suspeita

Eduardo Appio entrou para a história da Justiça brasileira como o sucessor de Moro na linha de frente da maior operação de combate à corrupção da história do país. Enquanto Moro virou figura nacional — e depois ministro —, Appio ficou no tribunal, assumindo casos delicados. Hoje, segundo o CBN Curitiba, ele atua na 18ª Vara Federal de Curitiba. Mas a imagem de juiz impecável, rigoroso, implacável, parece estar desmoronando. O vídeo mostra um homem de terno e gravata, aparentemente calmo, colocando uma garrafa de champanhe em uma sacola plástica e saindo do estabelecimento sem passar pelo caixa. Os seguranças o abordaram. Ele tentou sair. Foi impedido. Nada de gritos. Nada de explosões. Apenas silêncio, câmeras e uma situação cada vez mais estranha.

Dois outros furtos? O que mais está escondido?

O caso não termina naquela garrafa de R$400. Segundo o mesmo relato do Jornal da Band, Appio teria cometido outros dois supostos furtos em supermercados distintos de Blumenau, nos mesmos dias. Um deles, segundo fontes da segurança local, envolveu um vinho importado. Outro, uma caixa de queijo parmesão. Todos com valor total estimado em cerca de R$1.200. Nenhum desses incidentes foi denunciado publicamente antes do vídeo viralizar. Mas os seguranças dos três estabelecimentos teriam se comunicado entre si — e decidido que algo estava errado. O padrão é o mesmo: homem de aparência elegante, movimentos calmos, ausência de pagamento. E, nos dois últimos casos, ele teria voltado ao mesmo supermercado dias depois, como se testasse a segurança. Isso não parece um erro. Parece um hábito.

A defesa: "É um monte de mentira"

Appio não se calou. Em entrevista à Tribuna do Agreste, publicada em 17 de dezembro de 2025, ele afirmou com veemência que o vídeo foi manipulado. "Não estou nem perto daquele lugar naquele dia", disse. "E se eu tivesse feito isso, por que não pagaria? Por que não pediria desculpas?". Ele também acusou a Polícia Catarinense de perseguição política, alegando que sua atuação na Lava Jato o tornou alvo de vingança. "Tenho inimigos que não perdoam a verdade que eu ajudei a revelar", declarou. Mas aqui está o problema: ninguém duvida que ele tenha inimigos. Mas ninguém entende por que alguém iria criar um vídeo tão ridículo para atingi-lo. Um furto de champanhe? Isso não é um escândalo de corrupção. É um escândalo de vergonha.

O que o TRF-4 está fazendo?

O que o TRF-4 está fazendo?

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região — responsável por todos os processos federais no Sul do país — já abriu um procedimento administrativo para apurar o caso. As imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas por especialistas em autenticidade digital. Os depoimentos dos seguranças foram gravados. E, segundo fontes internas, a diretoria do tribunal está considerando a possibilidade de suspensão preventiva de Appio enquanto a investigação avança. Isso é raro. Muito raro. Juízes não são suspensos por furtos de supermercado. Mas quando o juiz é um ex-líder da Lava Jato? Quando o caso é filmado? Quando o país ainda se lembra das promessas de integridade que ele representava? Então, tudo muda.

Por que isso importa?

A Operação Lava Jato não foi apenas um processo. Foi um símbolo. Um símbolo de que ninguém está acima da lei — mesmo que fosse um juiz. E agora, um dos homens que ajudou a construir esse símbolo está sendo acusado de agir como alguém que acha que pode se esconder atrás do crachá. A pergunta que fica é: será que a justiça que ele defendeu ainda acredita nele? Ou será que, afinal, o sistema que ele representou também é vulnerável a pequenos vícios, a pequenas hipocrisias?

Qual o próximo passo?

Qual o próximo passo?

O TRF-4 deve emitir um comunicado oficial até o final de janeiro de 2026. Enquanto isso, a defesa de Appio pede acesso aos arquivos originais das câmeras. A promotoria federal em Santa Catarina já manifestou interesse em abrir um inquérito criminal, caso as evidências sejam confirmadas. Se for provado que ele realmente furtou, a punição pode ir de advertência até a perda do cargo — e até mesmo processos por furto qualificado. Mas o dano moral já está feito. O nome dele, que um dia foi sinônimo de integridade, agora é associado a uma sacola plástica e a uma garrafa de champanhe.

Frequently Asked Questions

Como um ex-juiz da Lava Jato pode ser acusado de furto em supermercado?

O caso surpreende porque Appio foi um dos principais operadores da Lava Jato, uma operação que se baseava na imagem de imparcialidade e ética. Mas a acusação não depende do cargo — depende das provas. Se as imagens forem autênticas e ele realmente não pagou, o ato configura furto, independentemente da função anterior. A Justiça trata todos igualmente — mesmo que a história seja diferente.

O que pode acontecer com Eduardo Appio se for provado o furto?

Se comprovado, o furto pode gerar um processo ético disciplinar no TRF-4, com possibilidade de suspensão ou até cassação do cargo. Além disso, há risco de processo criminal por furto qualificado, já que ele teria cometido o ato em três ocasiões. A pena pode variar de 1 a 4 anos de reclusão, mas como ele é juiz, o tribunal pode optar por medidas administrativas mais severas, como a expulsão da magistratura.

O vídeo é mesmo autêntico?

Ainda não há confirmação oficial. O TRF-4 está analisando as gravações com peritos em digital forense, verificando metadados, horários e possíveis edições. A defesa de Appio afirma que foi manipulado, mas até agora, nenhuma evidência concreta de falsificação foi apresentada. O fato de o vídeo ter sido divulgado por um veículo jornalístico sério como o Jornal da Band aumenta a credibilidade da gravação.

Por que ele teria feito isso? É possível que tenha sido um erro?

É improvável que tenha sido um erro. O padrão de comportamento — retirar itens de valor, não pagar, sair calmamente — se repete em três locais diferentes. Além disso, ele teria voltado ao mesmo supermercado dias depois, o que sugere intenção, não esquecimento. Alguns especialistas em psicologia jurídica sugerem que pode haver um componente de arrogância ou senso de impunidade, comum em figuras que se sentem acima das regras comuns.

O caso afeta a imagem da Operação Lava Jato?

Sim, e isso é o mais preocupante. A Lava Jato foi construída sobre a ideia de que a justiça é imparcial — mesmo contra os poderosos. Quando um de seus protagonistas é acusado de um ato banal, mas moralmente reprovável, isso mina a credibilidade do próprio movimento. Muitos já viram isso como uma ironia trágica: o caçador se tornou o caçado.

Quem mais pode ser afetado por esse caso?

Além de Appio, a própria magistratura brasileira sofre com a desconfiança pública. Se juízes são vistos como suscetíveis a pequenos delitos, isso alimenta o discurso de que todos são corruptos. Também pode impactar a credibilidade de outros processos da Lava Jato, especialmente aqueles em que Appio atuou. Advogados de réus podem tentar anular sentenças com base em "imparcialidade questionável".