
Quando European Southern Observatory (ESO) divulgou imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS, a comunidade científica sentiu o coração acelerar. O objeto foi avistado inicialmente em pelo telescópio ATLAS em Río Hurtado, Chile, e rapidamente foi classificado como o terceiro visitante interestelar já identificado. Avi Loeb, astrônomo da Universidade Harvard, já sugeriu uma missão de interceptação, enquanto NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) estão analisando os dados.
Contexto: o que já sabíamos sobre objetos interestelares?
Antes de 3I/ATLAS, apenas dois “cômodos” cósmicos haviam cruzado nossa vizinhança: 1I/ʻOumuamua, detectado em 2017, e 2I/Borisov, avistado em 2019. Ambos desafiaram modelos de formação de cometas, mas eram suficientemente poucos para deixar cientistas no limbo. A descoberta de um terceiro objeto, agora com nome oficial – descoberta do 3I/ATLASRío Hurtado – abre uma nova página no livro de astrofísica.
Detalhes técnicos e observações recentes
- Velocidade: 209.000 km/h, quase 0,07% da velocidade da luz.
- Distância ao ser fotografado pelo Hubble: 446 milhões de km.
- Diâmetro estimado do núcleo: entre 320 m e 5,6 km, dependendo da contribuição da coma.
- Origem aparente: constelação de Sagitário, vindo de direção oposta ao movimento do Sol.
- Próximas datas-chave: maior aproximação ao Sol em 30 de outubro 2025 e passagem mais próxima da Terra em 19 de dezembro 2025.
Os primeiros registros vieram do próprio sistema ATLAS, espalhado por três observatórios no Chile, Havaí e África do Sul, complementados por imagens do Zwicky Transient Facility em Palomar. No dia 3 de julho, o Very Large Telescope (VLT), equipado com o instrumento FORS2, capturou o espectro que confirmou a presença de gelo e compostos orgânicos típicos de cometas.
Reações da comunidade científica
"É como descobrir um convite de outra civilização para uma festa cósmica", brincou Avi Loeb, que já havia defendido a ideia de missões de intercepção para Ōumuamua. No entanto, a maioria dos especialistas foi cautelosa. A professora Carolina Mendes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), observou que "as propriedades espectrais são típicas de cometas ricos em água, nada indica tecnologia avançada".
Impacto para a pesquisa e possíveis missões
Seus dados vão alimentar modelos de formação estelar por oferecer um “laboratório” de matéria primitiva que viaja entre sistemas. A proposta de Avi Loeb para usar a sonda Juno em uma sobrevoo próximo a Júpiter, em março de 2026, ainda está no papel, mas já gerou um grupo de trabalho conjunto entre NASA e ESA.
Próximos passos e o que observar
Os astrônomos planejam monitorar a atividade da cauda ao longo da aproximação ao Sol. Espera‑se que o aquecimento cause aumentos de brilho que podem revelar a composição química detalhada. Além disso, telescópios terrestres como o Gemini South vão alternar observações de alta resolução para rastrear possíveis fragmentos.
Por que isso importa para o público?
Embora 3I/ATLAS não represente perigo – a distância mínima da Terra será de 1,6 UA, cerca de 240 milhões de km – ele nos lembra que o nosso Sistema Solar não está isolado. Cada visitante traz pistas sobre a química de outras regiões da galáxia, o que, em última análise, ajuda a entender de onde veio a matéria que compõe a vida aqui.
- Data de descoberta: 1 jul 2025
- Origem provável: Sagitário
- Velocidade: 209 000 km/h
- Diâmetro estimado do núcleo: 0,32 – 5,6 km
- Próxima passagem pela Terra: 19 dez 2025

Frequently Asked Questions
Qual a diferença entre 3I/ATLAS e os cometas que já conhecemos?
Os cometas do nosso Sistema Solar orbitam o Sol em trajetórias elípticas fechadas. 3I/ATLAS, ao contrário, entrou de uma direção externa e está em uma trajetória hiperbólica, o que indica origem interestelar. Sua velocidade extrema e composição química, apesar de semelhante, revelam que veio de um ambiente estelar diferente.
A proposta de interceptar o cometa com a sonda Juno é viável?
Tecnicamente, Juno tem capacidade de coletar dados de alta resolução, mas precisaria de alterações de trajetória e de um módulo de coleta de partículas. As agências estão estudando a logística; nada foi aprovado oficialmente, mas a ideia impulsiona discussões sobre missões de rápida resposta a objetos interestelares.
O 3I/ATLAS pode colidir com a Terra ou Marte?
Não. As projeções orbitais mostram que o cometa passará a pelo menos 1,6 unidades astronômicas da Terra e 2,3 UA de Marte, distâncias seguras. Mesmo com sua alta velocidade, não há risco de impacto nas próximas décadas.
O que os cientistas esperam aprender com 3I/ATLAS?
Analisar a composição de um corpo que se formou em outro sistema estelar pode revelar diferenças ou semelhanças na química de nuvens moleculares galácticas. Isso ajuda a refinar modelos de formação planetária e pode até apontar para processos que geram água e organicos em outros cantos da galáxia.
Como o público pode acompanhar as observações do cometa?
A maioria dos grandes observatórios tem transmissões ao vivo de eventos astronômicos. O site da ESO, ESA e NASA publicarão atualizações em tempo real, além de imagens de alta resolução que costumam ser compartilhadas nas redes sociais das agências.
Marcos Thompson
outubro 5, 2025 AT 05:40O fato de termos agora três visitantes interestelares nos coloca numa nova era de observação cósmica. Cada cometa traz nos seus óxidos e gelo um registro químico da sua nascente, como se fosse uma amostra de laboratório natural. Os espectros já confirmam a presença de água, mas o que mais intriga são os compostos orgânicos que podem revelar caminhos de síntese diferentes dos que conhecemos. Ainda temos muito a aprender sobre como esses corpos são lançados das suas estrelas natais e atravessam a void interestelar. Essa descoberta abre portas para missões mais rápidas e para refinar nossos modelos de formação planetária.
João Augusto de Andrade Neto
outubro 5, 2025 AT 06:46É inadmissível que a imprensa anime o público com histórias de “civilizações alienígenas” antes de termos provas concretas. Devemos focar na ciência rigorosa e não alimentar sensacionalismo que só distrai do verdadeiro avanço. Os recursos deveriam ser aplicados em pesquisas que tragam benefícios reais à humanidade. A ética requer que não desperdicemos dinheiro em missões fantasiosas. É nosso dever manter a objetividade como prioridade.
Vitor von Silva
outubro 5, 2025 AT 07:53Quando leio sobre o 3I/ATLAS, não consigo evitar sentir que o universo está lançando um convite para uma festa cósmica. É como se cada átomo de gelo fosse uma nota musical que vibra em harmonia com a nossa curiosidade. Ainda que os dados sejam ainda rústicos, a possibilidade de observar um laboratório primordial é fascinante. Essa descoberta nos lembra que somos parte de um fluxo maior, onde estrelas nascem, morrem e compartilham seus remanescentes. Que possamos ouvir essa melodia sem preconceitos.
Erisvaldo Pedrosa
outubro 5, 2025 AT 09:16Qualquer leviatã que crie teorias conspiratórias sobre a origem desse cometa está apenas alimentando a própria ignorância. Os espectros são claros, a composição é típica de cometas antiquados, nada de nanotech ou símbolos ocultos. Quem acha que há alguma mensagem codificada está negando a ciência em favor de um drama barato. A comunidade científica segue os fatos, não as fábulas de quem busca fama. Portanto, vamos manter os pés firmes no chão enquanto o meteoro passa.