Quando Álvaro Barreal pisou no gramado do TQL Stadium em fevereiro de 2025, após retornar do empréstimo no Cruzeiro Esporte Clube, ele não estava apenas voltando para casa. Estava voltando para provar que ainda pode ser o jogador que, em 2023, levou o FC Cincinnati ao título da Supporters' Shield — e que, por um breve momento, foi nomeado para o prêmio FIFA Puskás. Mas o caminho foi longo, doloroso e cheio de dúvidas. Agora, com um novo empréstimo ao Santos Futebol Clube e contrato estendido até dezembro de 2026, ele tem uma segunda chance — e o clube, uma aposta estratégica.
Um contrato que não foi vendido, mas foi preservado
No final de 2024, o Cruzeiro Esporte Clube recusou uma oferta de US$ 4 milhões para comprar Barreal permanentemente. A decisão, segundo relatos do MLS Multiplex, foi baseada em preocupações com sua condição física. Em 42 jogos na temporada, o atacante argentino marcou apenas dois gols e deu quatro assistências — números abaixo do esperado para alguém que, em 2023, foi um dos principais criadores de jogadas da equipe de Cincinnati. A lesão no joelho que o afastou por semanas no meio do ano, somada à falta de ritmo, fez os dirigentes mineiros desistirem da compra. Mas o FC Cincinnati não vendeu. Pelo contrário: estendeu o contrato dele por mais um ano, até 2026. Por quê? Porque ainda acreditam — ou porque querem vender mais tarde.Por que Santos? E por que agora?
Em vez de deixar Barreal treinar sozinho em Cincinnati, o clube optou por um empréstimo com cláusula de compra obrigatória no Santos Futebol Clube, time histórico da Série A brasileira. A escolha não foi aleatória. Barreal já conhece o futebol brasileiro — e o Brasil conhece Barreal. Em 2024, ele enfrentou adversários duros, climas pesados e pressão constante. Agora, vai jogar em um clube com tradição de desenvolver jogadores, onde a mídia local não é tão implacável quanto em Belo Horizonte. A cláusula de compra — que só se aciona se ele atingir metas de gols e assistências — é um ganha-ganha: se ele se recuperar, o Santos paga. Se não, o FC Cincinnati mantém o atleta e seu valor de mercado.Outros clubes, como o Vitória Sport Clube de Salvador, já haviam demonstrado interesse em emprestá-lo — mas o clube de Cincinnati recusou. Queriam um acordo com potencial financeiro maior. Um empréstimo sem obrigação de compra não era suficiente. O que eles queriam era uma saída que pudesse render dinheiro — ou, no mínimo, manter o jogador ativo e valorizado.
A pressão de quem já foi estrela
Barreal chegou ao FC Cincinnati em setembro de 2020, vindo do Club Atlético Vélez Sarsfield, seu clube de infância em Buenos Aires. Em quatro temporadas, fez 121 jogos, marcou 19 gols e deu 29 assistências. Em 2023, foi titular absoluto na campanha vitoriosa da Supporters' Shield — e foi eleito para a seleção da MLS. Mas o que aconteceu depois? O desgaste. A pressão. A expectativa. E, principalmente, o corpo que não respondeu mais como antes.Fontes próximas ao jogador revelaram que, após fracassar em tentativas de ir para a Europa, ele queria sair de Cincinnati a qualquer custo. Não por falta de compromisso — mas por cansaço. O futebol americano, com sua rotina intensa e pouca tradição de desenvolvimento técnico, não o ajudou a se recuperar das lesões. No Brasil, ele sabe como se adaptar. O clima, o estilo, a linguagem — tudo é mais familiar. E isso pode ser o diferencial.
Um jogo de xadrez entre clube e jogador
O FC Cincinnati está jogando uma partida de xadrez. Em vez de vender Barreal por um valor baixo — como muitos clubes da MLS fazem com jogadores em crise —, eles o mantiveram. Aumentaram o contrato. E agora o emprestam com obrigação de compra. É um movimento inteligente. Porque, no futebol moderno, jogadores como Barreal — com histórico, experiência e potencial — são ativos financeiros. A MLS virou uma fábrica de exportação. E o FC Cincinnati sabe disso. Se Barreal brilhar no Santos, o clube pode receber até US$ 6 milhões em 2026 — ou mais, se houver interesse europeu.Enquanto isso, o time de Cincinnati já começou sua temporada. Em 19 de fevereiro, enfrentou o FC Motagua na Concacaf Champions Cup. Em 22 de fevereiro, estreou na MLS contra o New York Red Bulls. E, mesmo sem Barreal, o clube já viu o retorno de Brenner render três gols em cinco jogos. O time está em movimento. Barreal? Ele está em outra cidade. Mas não esquecido.
Por que isso importa para o futebol americano?
A história de Barreal é a história de muitos jogadores da MLS: talento, promessa, lesão, dúvida. Mas o que torna seu caso único é a maneira como o clube o gerenciou. Em vez de abandoná-lo, o FC Cincinnati o tratou como um ativo. E isso é o futuro do futebol nos Estados Unidos. Não é mais só sobre vencer jogos. É sobre construir um modelo sustentável — onde jogadores são investimentos, não apenas peças do time. Se Barreal voltar a jogar bem, ele não só resgata sua carreira — ele prova que a MLS pode cuidar de seus jogadores, mesmo nos momentos mais difíceis.Frequently Asked Questions
Por que o Cruzeiro não comprou Álvaro Barreal mesmo após o empréstimo?
O Cruzeiro Esporte Clube recusou a compra de US$ 4 milhões por preocupações com a condição física de Barreal. Durante a temporada de 2024, ele sofreu lesões recorrentes, jogou apenas 42 partidas e teve desempenho abaixo do esperado — apenas 2 gols e 4 assistências. A diretoria considerou o risco de investir em um jogador com histórico de fragilidade física muito alto.
Qual é o objetivo do FC Cincinnati com o empréstimo ao Santos?
O FC Cincinnati quer manter o valor de mercado de Barreal enquanto ele se recupera. A cláusula de compra obrigatória no Santos garante que, se ele se destacar, o clube brasileiro pagará pelo jogador — gerando lucro. Se não, o FC Cincinnati mantém o contrato até 2026, podendo negociá-lo depois com clubes europeus ou sul-americanos por um valor maior.
Barreal ainda tem chances de voltar à MLS?
Sim. Se ele se recuperar e atingir as metas no Santos, o clube brasileiro pode comprá-lo, mas se não conseguir, ele volta ao FC Cincinnati em 2026. Com contrato até 2026, ele ainda pode ser uma peça-chave no time caso retorne ao bom nível. A MLS valoriza jogadores com experiência e história — e ele tem isso.
Por que o Santos foi escolhido em vez de outro clube brasileiro?
O Santos tem tradição de desenvolver jogadores e oferece menos pressão imediata do que times como Cruzeiro ou Flamengo. Além disso, o clube está em Série A, o que garante alta competitividade. O FC Cincinnati também confia na estrutura técnica do Santos para ajudar na recuperação física e técnica de Barreal, algo que clubes com maior pressão por resultados não ofereceriam.
O que acontece se Barreal não atingir as metas no Santos?
Se ele não atingir as metas de gols e assistências, o empréstimo termina em dezembro de 2025 e ele retorna ao FC Cincinnati. Seu contrato, estendido até 2026, permanece válido, e o clube pode decidir mantê-lo no elenco, emprestá-lo novamente ou tentar vender em 2026, quando seu valor de mercado pode ter se recuperado com a experiência na Série A.
Como esse caso reflete a evolução da MLS?
O caso de Barreal mostra que a MLS está deixando de ser apenas um campeonato de jogadores em fase final de carreira. Agora, clubes tratam jogadores como ativos financeiros, com contratos estratégicos, empréstimos com cláusulas e planos de longo prazo. Isso torna a liga mais profissional e atraente para investidores — e para jogadores que querem construir carreiras duradouras.
Willian de Andrade
outubro 28, 2025 AT 12:20barreal ta na luta mano, se ele voltar com esse ritmo no santos vai ser show
Thiago Silva
outubro 29, 2025 AT 02:39meu deus que história emocionante... eu lembro quando ele fez aquele gol contra o NYC, todo mundo parou pra assistir. ele não é só um jogador, é um cara que deu tudo por esse clube. agora ele tá tentando se reconstruir e isso merece respeito. não importa se ele marca 10 gols ou 1, o fato de ele ainda estar na luta já é vitória.
Bruna Oliveira
outubro 29, 2025 AT 17:23Claro que o FC Cincinnati fez um movimento de marketing inteligente, mas vamos ser sinceros: isso é um jogo de ativos financeiros, não de paixão. O futebol virou um ETF com chuteiras. Barreal? É só uma ação com potencial de valorização. Se ele não cumprir metas, o clube simplesmente desvaloriza e descarta. A MLS é a Wall Street com gramado